sábado, 30 de outubro de 2010

E tudo pode mudar

(parte 2 de 7)




Concedendo-me um tempo para estudar a situação e pedir ajuda espiritual, entreguei o caso  nas mãos de Alguém, até ter claridade interior para prosseguir.
No entanto, diante do meu Conselheiro, fiz o seguinte comentário:
“Agora que me colocaste face a esta vida, de novo mas mais perto, e com sinais mais visíveis de cansaço, de vida ressequida, agora, diz-me por onde vou?”
«Digo-vos pois: procurai e achareis, batei e abrir-se-vos-á (…) porque quem procura encontra e ao que bate abrir-se-á» Lc.11,9-10
O desafio estava declarado: não desistir, mas ser perseverante.
Numa tarde de Primavera, passeando pelo jardim, meditava e pedia luz.
Eis que o meu pensamento foi até um texto que tinha lido há uns quatorze anos “O Rei- bebé”, dei-me conta de que poderia encontrar o que tanto procurava. Dirigi-me ao baú, de textos mais antigos, e comecei a reler. Entrou em mim uma mistura de sentimentos feitos de negação e de esperança.
“Ui, que vem a ser isto?! Está aqui a raiz do problema. E senti que estava a ser conduzida por Alguém até mergulhar neste tema. Mas veio uma insegurança, pois se fosse verdade, como dizer à Elisha que teria uma doença emocional para o resto da vida? Que medo!
Foi então que deixei ficar aquele conjunto de folhas numa estante de livros. E, no silêncio do meu coração, buscava saber como dar continuidade a esta descoberta pois, apesar do medo, Alguém me insinuava que era por ali o caminho (deveria partilhar aquilo que tinha lido e que se relacionava com a Elisha) . E de novo um pouco apreensiva indaguei:
“Mas como será isto (de que forma poderei ajudar…), se eu não conheço estes caminhos de psicologia, de pedagogia em questões tão delicadas de vida, de vida nova que possa ser descoberta?!”
«Como será isto, (…) O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti  a Sua sombra .»Lc.1, 34-35
A vida desta jovem não me pertencia, mas esta Palavra dava-me ânimo. Decidi então pegar nalgumas partes do tema, nas páginas que reencontrei e fiz um texto, entrelaçando algumas situações concretas da vida da jovem. Decidi esperar o momento oportuno para lho ler…
Um mês depois de eu ter dito "Sim, ajudo!", no final de um jantar, Elisha questionou-me:
- Porque me custa tanto partilhar um livro, um caderno de estudo, uma sebenta com um colega ou outra pessoa qualquer?
Aproveitei a deixa e lancei a seguinte proposta:
-Olha, trago aqui na carteira, um texto que fiz para ti, gostava de to ler. Que dizes? Pode-te ajudar a descobrir alguns aspectos para te conheceres melhor.
-Sim , podes ler.
-Mas se ao escutares vires que nada tem a ver contigo, ou te pareça um disparate, mandas-me parar, combinado?
-Combinado.
Sentámo-nos frente a frente, mas estava a custar-me dar este passo. Fiz uns segundos de silêncio e entregando, ao Mestre da Sensibilidade esta realidade que me superava, decidi avançar com confiança.
À medida que eu, ia lendo devagar, de vez em quando por breves segundos olhava o seu rosto, e eis que a dado momento deslizava uma lágrima... Senti-me estremecer e perguntei:
- Queres que continue?
- Sim, quero.
Ao acabar de ler, Elisha limpou a lágrima e levantando-se, exclamou:
- Chegou hoje a salvação! Está aí… A raiz do meu problema! E aproximando-se, deu-me um abraço e disse: Alegra-te pois no final de tantos anos, chegou luz a uma realidade que tem um nome. E agora, diz-me: a minha vida pode mudar? Posso curar-me?
- O teu problema emocional tem que ser cuidado a vários níveis (saúde física e emocional) e dimensões (humana, espiritual ), mas vamos com calma. Agora descansa deste impacto. Como te estás a sentir?
- Essa imagem como se fosse um parto, em que estavas aí, para que lá num lugar mais escondido, uma fibra profunda chegasse a vir à luz. Estou a sentir-me diferente… há algo novo que liberta uma sensação estranha no meu corpo, mas quero acreditar que não foi por acaso, que chegámos até aqui. A minha vida vai mudar, acreditas?
- Acredito sim. Alguém nos está a guiar, vamos confiar. E deve haver mais para desvendar!
No final deste momento, invadiu-me uma paz inquieta, pois sentia que a partir daqui mais caminhos se abririam.
Deixar-me guiar pela PALAVRA da Vida, faz a Diferença! E canto uma melodia:
“E o amor chegará à tua vida um dia, e tudo vai mudar em ti…!”

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

E o Amor chegará à tua vida um dia…

 (parte 1 de 7)
Cansada da vida e dos tombos que, por sua conta dava, bateu de novo à minha porta a pedir ajuda dizendo:
-“ Estou cansada de não ser feliz! Quero ser feliz, ajuda-me!”
No seu coração transportava o desespero de 10 anos na busca de solução para as suas depressões
E eu, como já noutras ocasiões tinha dado algum apoio e encaminhado, juntamente com algumas oportunidades de um grupo de jovens, disse-lhe:
-Não sei se queres mesmo ajuda de verdade. Não estou a dizer que estejas a mentir, mas talvez ainda só queiras mais uma ajudita, e quando quiseres mesmo, então vai valer a pena.
Eu tinha o coração nas mãos, cheia de vontade de a abraçar no seu sofrimento, e de lhe dizer: conta comigo! Porém, com assertividade, disse:
-Vamos deixar a decisão para amanhã. Vais descansar esta noite e amanhã talvez já te tenhas esquecido da ajuda que hoje pedes. Eu vou consultar o meu Conselheiro.  Depois falamos.
«(…)de olhos postos em ti, serei o Teu Conselheiro.» Sl.32
No outro dia falámos e a sua vontade de ser ajudada permanecia, e dizia: “Quero ter paz, não aguento mais...” Dos seus olhos caíam lágrimas profundas, em silêncio … e neste silêncio eu quis dizer: «Se conhecesses o dom de Deus…»Jo.4,10  «Só a verdade vos fará livres.»Jo.8,32, mas  no silêncio do meu interior, tentei descodificar que caminho seguir:
-E agora Senhor diz-me que queres que eu faça? Há necessidade de terapias, há questões de saúde, há carência de alimento espiritual, mas como posso eu ajudar?
O meu Conselheiro fez-me intuir: “Alimenta-te porque tens uma jornada, Eu irei contigo.”
- “Porque Tu o dizes, e porque já tenho vivências que em Ti me fazem confiar, arriscarei de novo” – decidi. E pus-me a analisar a vida desta jovem.
Quantas vidas feitas de emaranhados de linhas curvas e de derrapagens conheces tu, conheço eu? Quantas vidas feitas de avanços e recuos, de tropeções, de arranhões, na busca da Felicidade interior? Quantas vidas vazias, tendo feito tantas coisas? E quantas vidas necessitam  de uma mão amiga e que as ensinemos a encontrar a Fonte?
Há vidas concretas a esperar que, na hora oportuna Deus, por alguém humano, se faça presente!
Quanta paralisia sofrem irmãos nossos, na mente, no coração e no entendimento, que os impedem de pedir ajuda? E quantas barreiras colocam para se deixarem ajudar?
Eu vejo vidas a necessitarem que se lhes mostre com paciência, ternura e firmeza que, por vezes como diz o profeta:
«Em vão e nada gastei as minhas forças…»Is.49 , talvez depois passem a desejar  efectivamente ser ajudadas.
Olho a minha vida e vejo que Alguém a tem vindo a reconstruir com paciência e amor, com perdão e esperança. Assim, desde aqui, quero oferecer os dons que me deu para os colocar ao serviço dos que me confia.
Que bom é descobrir ! Estar disponível para acolher, apoiar e encaminhar aquele/a que busca um caminho para mais vida! Que alegria é ver despertar no outro a esperança de que o Amor chegará.

17 de Outubro de 2010

Apresentação da jovem - Elisha

(de quem se vai falar nas primeiras 7 histórias)

Aos 8anos os seus pais separaram-se. Dois anos depois os seus dois irmãos foram com seu pai. A menina ficou com a mãe.
Estudou, teve colegas, brincou, mas sentiu muitas vezes a solidão quando chegava a casa. Refugiava-se muitas vezes no seu quarto, num mundo que criava. Sonhava como muitas adolescentes, estudar, tirar um curso, casar cedo e ter uma família.
Aos 15 anos, teve uma depressão. Iniciou medicação.
Aos 16 anos, conheceu um grupo de jovens na paróquia, mas frequentava-o com irregularidade. Participou num ou noutro encontro de jovens, (nalguns momentos de dinâmicas, de convívios, de partilha e amizade).
Com algumas contrariedades na vida e dificuldades nas relações humanas, foi procurando viver mas com referências distorcidas sobre o amor, os sentimentos, a família e a vida.
Era uma pessoa simpática, mas com dificuldade em manter amizades e fazer escolhas.
Aos 17 anos, de novo uma crise e mais anti-depressivos…e assim foi vivendo, até aos 25anos. Aos 24 anos tinha o seu curso feito, mas tinha ainda a sua casa interior com divisões por arrumar, arejar, limpar, organizar…

Histórias de vida ... Sementes de esperança

«O que os meus olhos viram, as minhas mãos tocaram…isso vos anuncio.» 1Jo.1

Ao longo de 17 anos de caminho "guardei"na minha memória afectiva e no meu tecido relacional, um vasto registo de historias .
Historias reais repletas de buscas, de encontros e reencontros, de sofrimento e de humildade, de coragem e esperança!
Recordo alguns rostos, a quem foi dada a oportunidade para, desvendar mistérios insondáveis da beleza do Amor e da Vida!
Tu tens direito a (re)descobrir, a desfrutar da VIDA!