domingo, 26 de dezembro de 2010

O animal que se arrasta, esse, um dia voará…

(parte 6 de 7)

Passaram já três meses e pouco, desde o início do seu pedido de ajuda, nestas vivências! Duas semanas antes de ela me voltar a contactar, eu fui falar com uma psicóloga, para saber se tudo isto seria por aqui, ou se estava errada. Perguntei ainda se poderia um dia levar lá a Elisha, para uma avaliação do caso e possível terapia naquele Centro. Recebi “luz verde”, e a sugestão foi : viver um Amor Firme, sendo Assertiva. Saí mais confortada.
Em Julho, após umas semanas de ausência, em que se afastou dos amigos fraternos, eis que telefonou a solicitar o contacto da tal terapia específica de que eu lhe tinha falado. Durante uns meses, ignorou dois compromissos e encontrava justificações positivas e válidas para a sua cabeça, para não comparecer, mas cada vez se enrolava mais. Agora lá vinha ela…como filho pródigo. Mas seria desta vez? Já se teria cansado de comer “bolotas”? Dizia-me:
- Tinhas razão, eu não consigo por mim, preciso de tentar essa terapia de que falas. Como faço para marcar com a psicóloga?
-Dou-te o número e ligas.
Quando já tinha a consulta marcada, perguntou se eu ia com ela ao Centro Terapêutico. Porém, respondi de modo assertivo:
- Vai agora com as pessoas com quem estiveste estas semanas.
Ela não esperava esta resposta e ficou perturbada. Não conseguia falar, como que espantada com o impacto da minha resposta. Um tempo depois, acalmou e partilhou momentos mal vividos, dizendo:
- Tu bem sabias, eu é que teimava em não ver, não ouvir. Agora é para valer.
- Então tens de ser tu a dar passos mais concretos, chegou a hora de agarrares ou largares.
Eu tinha um questionário para lhe dar, a fim de ver se ela se identificava ou não com os sintomas/comportamentos, para já ir abrindo caminho na identificação  da verdade. De seguida, disse-lhe:
-Agora que estás mais calma, gostava de te dar um questionário para tu leres e responderes, para ti mesma, “Sim” ou “Não”, diante de 24 ou 25 perguntas.
Elisha interrompeu, e, com algumas lágrimas e entre soluços, disse:
-Eu vou ler e responder, mas podes vir comigo à consulta? Eu faço o que sugerires, por favor não me deixes ir sozinha!
Depois de ler, ficou em silêncio e exclamou:
-Pois estas questões são o retrato de tanto que tenho vivido, sem saber caracterizar. Mais um parto, em que o nosso Deus, por ti, veio a mim. Eu sei que tenho falhado muito, mas agora vejo que estou mais perto de descobrir o método para me tratar.
Perante as suas palavras, senti mais força dentro de mim… Há um momento de tocar bem fundo a limitação, a miséria humana, e eis que se busca algo mais! E há dentro um grito para procurar alguém que mostre o caminho, vendo que assim não se pode seguir… Surge a atitude de humildade de quem pede ajuda. De quem deixa o seu orgulho de lado, os seus esquemas, e quer dispor-se a aprender a viver!
Quantas vezes nos conformamos com sobreviver? Sim, cada um de nós tem experiências semelhantes. Uns de nós contentam-se  a ver o que outros vivem ou como sobrevivem… Outros, porém, compreendem que são chamados a viver com mais qualidade:
«Vim para que tenham vida, e vida abundante.» Jo.10,10
Custa andar por atalhos, faz sofrer o próprio e os outros que lhe querem bem. Mas as oportunidades de tocar fundo a limitação, fazem-nos buscar com mais autenticidade a verdade da nossa Identidade. Afinal, para que fui criado/a? E que bom é ter alguém, ter amigos fraternos, com quem contar nestas fases da vida!
E que alegria verificar que a minha vida é ponte. Ponte para que outra pessoa possa deixar curar as suas feridas, ponte para a claridade no reencontro com o Tesouro que cada um leva dentro de si, ponte para que alguém possa fazer o percurso para descobrir a outra margem, onde há prados mais verdejantes que o “Bom Pastor” preparou.

No dia seguinte, lá fomos à consulta da psicóloga. De regresso, a alegria desta jovem esboçava uma esperança que há muito eu não via nela. E, mais solta, ia falando durante a viagem de comboio, até que me perguntou:
-E se eu fosse internada, seria melhor para me tratar, não achas?
Eu, muito admirada com tal proposta, retorqui:
- Pois sim, mas são três meses, e tu queres mesmo?!
-Quero, já desci muito fundo, não quero mais a minha vida de sobrevivência. Quero aproveitar as férias (Agosto/Setembro) e depois se vai vendo. Que dizes?
Falava com uma certeza tão grande de que estava disposta a dar este passo, que me invadiu uma esperança e gratidão diante d´Aquele que tem sido meu Conselheiro e Amigo.
Mas eu tive receio, pois a situação pedia agora outro tipo de investimento. E seria a fundo perdido? Ou seria para colocar a render? Então, novamente, parei um tempo a sós com Jesus, e eis que a Sua indicação foi:

«Estes ossos ressequidos poderão voltar á vida? Profetiza, leva a Palavra e diz: Eis que vou introduzir em vós o sopro da vida para que revivais e sabereis que eu sou Deus. Profetiza! Esses ossos voltarão à vida.»Ez.37, 1-14
Esta Palavra deu voltas dentro de mim…e fez-me emocionar profundamente. Uma claridade, em mim, continuava fazendo-me apreender: “ Tu tens estado a criar fraternidade à sua volta, tens mostrado que a sua vida tem valor, mas continua, Eu estarei contigo …preciso de ti!”
As dúvidas assolavam meu interior:”Será, Senhor, desta vez? Na sua pobreza vai ganhar O Teu Amor?”
A voz, em mim, prosseguia: “Conto contigo, pois à força de amares, na perseverança de colaborar no limpar das feridas, e no acompanhamento, Meu Amor será reencontrado dentro dela mesma. E «o deserto e a terra árida vão alegrar-se.»Is.35,1
Dias depois, foi internada para fazer terapias…mesmo contra a vontade de uma pessoa de família. Com algum receio, mas estava decidida a enfrentar este desafio na sua vida.
Eu estava disposta a continuar a dizer “Sim”, de modo a que a terapia fosse mais eficaz e integradora dos seus processos emocionais e espirituais. Aprendi que profetizar era acreditar na Palavra que me apoiava e nesta jovem, mostrando-lhe isso mais uma vez. Se eu o estava a fazer era porque o Mestre do Amor me tinha contagiado para tal, pois por minhas forças humanas já teria desistido.
E assim ela poderia ( re)encontrar  vida … ” ter asas e voar”!      
“O animal que se arrasta”, esse, um dia, voará! E cantaremos:
“Voa bem mais alto, livre sem alforge, sem prata nem ouro, amando este mundo, esta vida que é campo, e esconde um Tesouro!”

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Dizem que um sorriso é tão difícil de dar…

(parte 5 de 7)
                                                   
                                      

E eis que surgiu a dúvida, a insegurança, o medo e, mais uma vez, parecia que fugir, afastar-se para outro espaço e com outras companhias  ia resolver o assunto. E lá ia  Elisha…com pessoas que colocavam panos quentes na situação e alimentavam um “eu” que estava muito doente. Pouco a pouco, a tristeza foi-se instalando mais dentro. Os sentimentos estavam misturados, mal definidos, e a vontade própria criava falsas imagens de conforto. O passado perturbava-a e o futuro atormentava as suas forças emocionais e físicas.
Dando conta do caminho tortuoso que Elisha estava de novo a escolher, sem eu nada poder fazer diante dessas imagens desfocadas que tinha de si e do amor; chorei amargamente! E senti uma incapacidade tão grande, mas tão grande!! Diante deste “deixar-se levar” pelo mais fácil e cómodo, decidi parar um tempo mais prolongado, num momento de meditação. Procurei uma Palavra que respondesse ao que estava a viver. Procurei fazer silêncio, num final de tarde. E foi-me dirigida esta “Palavra”:
« Abraão leva o teu filho, onde o oferecerás…! »Gn.22,2-13
“Mas que é isto?! Que me queres mostrar?!”- interroguei…
Agora, olhando esta Palavra e a minha vida, percebo que me convidas ao desprendimento, não por masoquismo, mas porque Tu sabes o que é o melhor para mim e eu tenho que Te deixar ser Deus, e tenho de aceitar ser criatura.
Ela não era minha, eu já tinha posto todos os meios à sua disposição, por isso, já sem forças e vendo os meus impossíveis, decidi entregar nas mãos de Deus a sua vida. Percebi também que o meu orgulho me estava a impedir de dar esse passo…Percebi que Tu me estavas a ensinar a lição da humildade…
Ui, mas como me custou! Que sensação de perda, de algo que se rompe dentro e dói! Custa lidar com o sentimento de ser incapaz, de nada poder. Porém, acalmei após um tempo neste espaço de “SER”, de ser eu mesma, de assumir diante do Criador a minha fragilidade, a minha dor, dizendo-lhe que Ele pode o que eu não posso…  
Sabes Senhor, as vivências com esta jovem, ao longo de nove anos, foram tendo uma tonalidade afectiva, relacional, de acolhimento, de paciência, de partilha, de fé, de alegria… mas também momentos de tons cinzentos onde a tristeza me invadia., mas quando deixei que Tu falasses à minha raiva ou sentimento de incapacidade, de novo me davas alento! Porém, ela como que ia e vinha e pouco tempo permanecia. Só Tu conhece bem o que foi vivido e entregue. Só Tu podes valorizar e um dia redimensionar tudo isto. E tive uma “luz” – escrever-lhe algo e desde aí entregar.
Decidi escrever para mandar por e-mail umas palavras para a fazer reflectir, e a mim também me ajudaria (fica aqui uma parte dessa carta).
“A vida não é existir sem mais nada, a vida não é dia sim, dia não” (Mafalda Veiga)
(…)
De facto dizias que querias ser feliz mas contentas-te com migalhas de sobrevivência. Sim, é que mudar implica escolhas e acção. Que escolhas tens feito, em que te ajudaram?
Perguntavas:”acreditas que posso chegar a ser uma pessoa normal?" Manifestavas cansaço de situações de sofrimento emocional, de depressão e desalento, mas pelos vistos ainda sofreste pouco para o teu temperamento de teimosia!
Se és crescida para optar por fazeres certas escolhas em detrimento de outras, então também vais assumir as consequências de não estares a investir no caminho de recuperação do teu “tecido emocional e relacional”. Gostava que fosses ouvir opinião de outro terapeuta, e tu que fizeste com isso?
(…)
Com o teu silêncio parei e dei-me conta que já não és criança, que não sabes ainda cuidar bem de ti, por fragilidade emocional, mas que teimas em seguir por caminhos velhos. Tentei entender o terramoto que viveste e permaneci.
Quem tem que querer mudar para melhor és tu, tu em primeiro lugar tens que querer com toda a tua alma e entendimento. Tu queres? Com que intensidade?
É certo que só Deus te conhece bem. Mas eu já conheço de ti o suficiente para não embarcar em manipulações. Sim porque há atitudes de pessoas à tua volta que estão a fazer desenvolver o “Rei-bébé”, esse “síndrome “ que te engana  e te ofusca a verdade.
Quero o teu bem, porque te quero bem, mas para tal tenho que ser assertiva. E isso custa-te, eu sei, (e custa-me) no entanto dei-te provas da minha entrega com Jesus por ti. Mas se preferes viver com altos e baixos e sentir mais fracassos e rebentar contigo, eu não posso fazer nada.
Um dia talvez chegues a reconhecer o teu verdadeiro valor. (Porque a tua vida vale muito!)

Na semana que se seguiu, ainda sem saber noticias suas, num outro momento de meditação, encontrei esta Palavra:
«Ao terceiro dia, celebrava-se uma boda. (…) Maria disse: “Não tem vinho”…..., fazei o que Ele vos disser» Jo.2, 3-5
Naquela festa era importante o vinho. E na vida de cada um, que precisamos mais? Pois… de vida abundante, de alegria, de ânimo, verdade? E o que posso fazer, por onde ir?
“Fazei o que Ele vos disser”. «Ora havia ali seis vasilhas de pedra preparadas para os ritos. Disse-lhes Jesus:”Enchei as vasilhas de água.” Eles assim o fizeram. O chefe de mesa provou a água transformada em vinho, sem saber de onde era, mas sabiam-no os serventes.»Jo.2, 6-10
Olha, Senhor, ensina-me a, na “vasilha de pedra dos meus esquemas”, saber colocar quem sou e ainda não, a minha limitação, a minha “água”, mas também o meu desejo de amar, de colaborar Contigo. E transforma-me, para viver melhor a realidade que agora tenho, não a que sonhei. Como nesta boda, vejo-te a Ti e à Tua mãe Maria, revelando a bondade e a delicadeza, transbordando o Amor de Deus que necessitamos para viver bem.
Fui colocando nas Mãos de Maria, mulher e mãe, a vida de Elisha… Pedi a Sua intercessão, para saber viver esse momento. Dizia para mim: “Sei que para Deus não há tempo nem espaço, e o Espírito Santo pode tocar o seu coração no tempo oportuno, para que um dia ela queira fazer uma terapia específica, ( para tratar o “Síndrome do Rei -Bébé” )por isso tenho de esperar. Saber esperar com Confiança! Quero acreditar que esta espera vai dar fruto.”
Tendo sabido qual a terapia aconselhada, ainda mais custava que se afastasse…. Perante uma Nova Esperança, gostaria de lhe abrir essa porta. Mas a confiar que Deus pode, pedi:
”Ensina-me, Senhor, a ser paciente com o tempo dos outros! Sei que onde está, longe a nível de distância geográfica, não estará bem pois conheço-a “como a palma das minhas mãos”.Mas só posso entregar.”
Recebi uma mensagem? Não! Mas esta atitude mais me confirmava a necessidade de terapias.
E o sorriso não era possível, face a um coração que se encontrava dividido. E o perigo espreitava pois a auto-estima não estava ajustada, e o suspender ou adiar uma decisão, eram uma constante na sua vida. E o sorriso não se encontrava, pois algo muito antigo, da sua história de infância e adolescência, bloqueava os seus sentimentos e congelava as suas emoções. E o perigo espreitaria enquanto as mensagens autodestrutivas do passado e o medo de enfrentar a dor tivessem mais força que a amizade, a estima, o amor, a fé e a coragem.
“Concedei-me, Senhor,
 Serenidade para aceitar o que não posso modificar,
Coragem para modificar o que eu posso, e
 Sabedoria para distinguir uma realidade da outra.”

domingo, 28 de novembro de 2010

Dizem que o perigo está sempre a espreitar…

(parte 4 de 7)

Cada ser humano deve desenvolver-se a si mesmo, dar o seu melhor, viver  a vida   como uma viagem a empreender, com riscos e desafios. É um processo continuado e, quando na história da nossa infância há processos mal amados, tudo se torna mais difícil, concordas comigo?
Para cuidar as descobertas feitas, Elisha foi participando em momentos de partilha, de escuta e reflexão (com textos para meditar). Íamos cuidando o terreno, na esperança de mais tarde as sementes ganharem espaço e germinarem.
Não é fácil acompanhar alguém que da sua família não recebeu a segurança, a estima que precisa para ser feliz! Quantas máscaras se vão pondo, no processo de crescimento? Como resposta  às agressões da vida, mesmo de forma inconsciente, surge uma, e mais outra. E sem dar conta, um castelo vai sendo construído para não mostrar os sentimentos. E os medos vão levantando muros. Contudo, nada nem ninguém calará o desejo de descobrir a verdadeira identidade: Quem sou eu? Para que fui criado/a?
Num dia do mês de Maio, a jovem estava de novo sem forças para lutar, pois as dificuldades exteriores - uma situação problemática relacionada com o apartamento onde vivia e com a vivência do seu namoro - empurravam-na para um beco sem saída. A solução que procurava era isolar-se, fechar-se em casa … A tristeza e a confusão invadiam de novo o seu coração. Assim, o mal estar físico e psíquico foi-se avolumando. A tentação de desaparecer tomava os seus pensamentos e bloqueava a sua mente. A semente da espiritualidade ainda estava atrofiada.
A nossa vida é uma história em movimento e Aquele que nos conhece fez-me ler um livro escrito há muitos anos, por pessoas que buscavam respostas para um sentido mais forte na sua vida. Então li…
«Vês-me quando caminho e quando descanso (…) Tu me envolves e sobre mim colocas Tua mão. É uma sabedoria profunda, que não posso compreender (…)Tu modelaste as entranhas do meu ser, (…) Tu conheces-me, guia-me pelo caminho certo. » Sl139 . Chegar a ter clara esta certeza, dá um chão à vida. E Deus aguarda que possamos colaborar, que queiramos deixar-nos curar. Ele deseja que façamos a descoberta do valor e da plenitude, que pode ter a nossa vida…e da companhia da qual podemos desfrutar.
Como pode uma pessoa ter amor para dar, se na sua história de infância e adolescência foi defraudada de um amor incondicional, de vida dialogada? Quem na sua infância/adolescência, vive muitas vezes o “isolamento interior”, antes de ter aprendido a confiança e a esperança; na vida de jovem experimentará muitos receios. O vazio que ficou não é bom conselheiro! Como posso dar-me nos relacionamentos interpessoais de forma saudável se nunca me mostraram, ou não me deram a saborear, um Amor para lá dos limites humanos, que não se esgota, que é gratuito e fiel?
«Deus enviou ao mundo o Seu Filho para que vivamos por meio dele. E nisto consiste o amor, não fomos nós que amámos primeiro mas Ele amou-nos primeiro.»1Jo.4, Sim, Amigo e Conselheiro, mais um convite me fazes para “abrir a pestana”, para que me deixe envolver por esta certeza do Teu Amor. E , a partir desta rocha firme, eu e outras pessoas poderemos acorrer a vidas concretas, para, no seu caminho, descobrirem a sua identidade. Que bom será quando, nas fragilidades humanas, formos “limpando” o nosso tecido emocional! Assim, poderemos descobrir a assinatura mais valiosa que tem cada um:
 «És meu filho/a muito amado/a, em quem me alegro.»Mt.3 Esta é a assinatura mais valiosa que tem a nossa vida, já a descobriste? Queres procurar?
Senhor, Tu alegras-te com as nossas vidas?! Que boa notícia! Poucas são as pessoas que se alegram com a nossa vida, principalmente quando não somos perfeitos, quando caímos uma e outra vez. Porém, o Teu Amor é diferente…pode devolver-nos um coração jubiloso! Ajuda-me para que Elisha descubra esta qualidade de Amor. Não nos desampares.
A 30 de Maio, durante a tarde e noite, eu e um casal amigo , o L. e a M., vigiámos …estivemos de perto até de manhã cedo, para que pudéssemos proteger a fragilidade da Elisha. No dia seguinte, fomos a um médico. Fazia confusão ver a apatia em que se encontrava. Medicação e medicação, interrompia um ou dois meses e lá voltava de novo à dependência: isto custava-me… Mas até chegar a dar outro passo, teria de ir por aqui, pois a sua mente e emoção estavam mal e corria perigo de vida.
Três dias depois, Elisha marcou um momento surpresa com os amigos que tinham estado com ela na noite escura…Num tom de voz delicado, expressou sentimentos, proferiu uma mensagem de gratidão. Num gesto simbólico, bonito, ofereceu-nos uma estrela com os nossos três nomes, explicando que nessa tarde e noite fomos a estrela que Deus enviou para a proteger… Assim, estava ali, pois precisava da nossa amizade e perseverança.
Eu estava menos receptiva que a outra amiga, a M., pois sentia-me cansada. Precisava de recuperar forças e vigor, algo bloqueava os meus sentimentos. E como me estava a ser difícil estar assim, que sensação estranha…! Depois de um tempo de silêncio, eu disse:
“Peço desculpa, mas parece que tenho dentro de mim um bloco de gelo, sinto uma barreira, é como se eu não soubesse acolher este teu gesto delicado!”
A M. conseguiu dizer :
“É a primeira vez, em cinco anos de amizade, Elisha, que tens um gesto assim. E é bonito da tua parte. Mas será para continuar?...”
 Aí, tornei-me consciente do medo que se tinha instalado em mim. Meu Deus, não me reconheço! Medo de perder, medo que fosse só um momento de lucidez e depois tudo voltasse ao antigo. Que insegurança! De repente, dei conta que as vezes em que Elisha quis e desistiu, estavam agora ali, diante de mim. Enfrentei o meu sentir… olhei de frente o medo. Depois, apercebi-me que o que eu mais gostaria de ver era Elisha aceitar dar um outro passo. Um passo para se deixar ajudar numa terapia mais específica.
Ui!! Fez-se luz! Alguém a quem eu chamo Deus estava a fazer-me sentir uma barreira um pouco parecida, provavelmente, com a que ela sentia, noutras vezes, para comunicar e expressar sentimentos, não conseguindo sair desse aperto. De que tamanho seriam as suas barreiras e de que seriam feitas? Precisei fazer memória da Palavra que me tinha trazido até ali. Precisava de ser paciente. Então, restabeleci a confiança e meu coração abriu-se àquele momento: agradeci a iniciativa dela e valorizei a sua tentativa!
“Elisha, que passo positivo este de vires ao nosso encontro! Este episódio mostra que és capaz  de reconhecer a amizade fraterna e que podes avançar em direcção a mais luz!”
O perigo, desta vez, também espreitou em mim. Somos de verdade frágeis, mas levamos um tesouro: «trazemos porém este tesouro em vasilhas de barro, para que se veja que o poder é de Deus e não nosso.» 2Cor.4,7
Meu Deus, estas palavras desceram ao meu coração. Como é importante descobrir-Te como Alguém que me convida a olhar mais para o tesouro do que para a vasilha! E, a partir desta experiência, ajudar outros a fazê-lo. Como é bom sentir-Te perto, quando a noite se acerca bem dentro de nós! Os nossos limites não podem fazer-nos pessimistas. Como é favorável conhecer os Teus Sinais para assim me deixar amar e conduzir, nesta missão que me confias! Missão que não é minha, mas Tua, porque toda a realidade humana tem dignidade. Que gozo apreender que na vida quotidiana podemos contar com a Tua Presença e Companhia, basta estar(mos) atenta(os) aos Teus SMS e procurar ser fiel…
O perigo espreitou na vida de Elisha, mas Tu, Senhor, convidaste três pessoas para estarem ao seu lado e não sucumbir na sua angústia. De facto, Tu és um Deus atento a tentar resgatar-nos a vida. Obrigada!

domingo, 14 de novembro de 2010

E poderás então dizer … “ Hoje eu aprendi!”

(parte 3 de 7)


Animada com a esperança de que esta jovem pudesse participar no encontro “Páscoa Fraterna”, propus-lhe este meio para cuidar a parte espiritual. Também lhe propus que participasse numa formação humana intitulada “ Descobre-te a ti mesmo. Neste processo de acompanhamento, de caminhar ao lado de …”, tive de buscar muitas vezes alimento e luz, para saber por onde ir, como interpretar os sinais, como encaminhar…
« Revesti-vos da armadura de Deus,(…)porque não é contra os seres humanos que temos de lutar,  mas contra os Principados, e Dominadores do mundo das trevas…» EF.6, 10-13
Que me queres dizer com isto Senhor?
O mal não procede das circunstâncias externas, mas do modo como essas situações tocam o interior da pessoa. O inimigo não está fora …mas dentro alojado nos medos e complexos que nos bloqueiam. Pois sim, vejo que me queres confirmar a verdade de que, existem muitos obstáculos a minar o terreno dos afectos… Quanta insegurança e ansiedade? Quantas dúvidas de si mesma? E quantos outros jovens se sentirão assim?
Fomos tomar um café e usufruir de um espaço de conversa.
E.- Vou deixar de tomar medicação, estou farta disto. Quero ser uma pessoa “normal”. Eu sei que há três ou quatro pessoas como tu, dos grupos fraternos, que mostram gostar de mim, mas como pode ser, se eu em relação a mim sinto tanta insegurança?!
-Sabes, as emoções, onde necessitas saber “navegar”, são realidade que ainda precisas aprender a conhecer para enfrentar. Tem que ser um processo gradual, continuado, para cuidar diferentes aspectos da tua personalidade. Mas tu podes conseguir.
E. -Eu quero saber cuidar, saber estar de modo diferente na vida. Preciso de saber tomar decisões. Quero colocar alguns meios.
-Por aí,(com esse modo de pensar) estás a ir bem. Precisas conhecer-te, equipares-te para treinares aspectos positivos, para chegares a ter de ti mesma uma imagem ajustada. Porém, nos primeiros tempos, deixares-te ajudar é sinal de sabedoria, não de fraqueza, sabias?
Ela aceitou as propostas e participou em cada uma, a seu tempo. Na formação humana (pedagogia e psicologia), podia ir sozinha, mas na outra proposta, tive de procurar apoio. Assim, pedi para alguém a acompanhar no momento “Páscoa Fraterna”, mas disseram-me que já não havia disponibilidade para tal... Custou-me aceitar esta realidade. Aí, senti-me pobre, e disse para mim mesma: “Porque sonhas, alma minha? Que mania tens de sonhar alto! Raios!” Depois alguém me dizia:
T- só se fores tu a acompanhar.
Senti receio desta possibilidade. Mas, dentro de mim, uma proposta ecoava: “Procura-Me…agora que me podes encontrar, procura-Me, que estou perto
Então, decidi participar numa eucaristia e acolher a Palavra que me seria dirigida, na busca de saber decidir. E, a dada altura, ecoava no meu interior: «E agora o Senhor declara-me que me formou desde o ventre materno, para ser o seu servo, para lhe reconduzir Jacob »Is.49, 5
Olhando para Maria, mulher da nossa raça, mulher e educadora, dei conta que seria importante conceder-me um tempo e guardei estas palavras uns dias, no meu coração. Passei a sentir nesta palavras a firmeza de uma âncora e orientação de um farol. Era como se eu fosse levada para uma aventura em alto mar! Deixei-me estar a saboreá-las uns dias…
Mas, com receio de que a minha vontade não chegasse para entender a Vontade do Mestre do Amor, dias depois fui participar noutro momento de enriquecimento interior. Necessitava reencontrar a linha condutora para depois agir. Eis, que a dado momento escutei: ««não basta que sejas meu servo, (…)vou fazer de ti luz das nações para que a minha salvação chegue aos confins da terra.»Is.49, 6

Foi então que decidi acompanhar a Elisha, nesse fim semana, para que ela se pudesse encontrar com Aquele que é Fonte do Amor, da Confiança e da Paz.
Foi também um outro jovem de um dos grupos a esse encontro. Foi muito rico, permitindo-nos uma possibilidade de crescimento interior.
A mim, fez-me experimentar a Mão de quem me guiava, e fez-me dar conta do quanto já tinha eu recebido em momentos destes, naquelas pessoas que me apoiaram na busca de caminhos interiores. Saboreei a alegria de ver alguém reencontrar-se na sua história, história com valor, com possibilidade de descoberta de “tesouros escondidos”.
No final deste tempo de paragem -“Páscoa Fraterna”-Elisha escrevia:
“Agora eu percebi quem esteve diante da minha Cruz, em tantos momentos, sem nunca me abandonar. Agora eu pude reconhecer Quem esteve com esperança, diante dos túmulos de sobrevivência por onde andei. Pude distinguir quem me enviou para me ajudar: «Entrego por ti, pessoas, ….porque és preciosa aos meus olhos.»Is.43,4   para ainda hoje estar aqui.
Quanto a mim, que gratidão levo dentro, nem consigo explicar, mas posso dizer: “Quero ir por aqui, para mais descobertas de vida!”
De regresso a casa partilhávamos:
- Sabes, Elisha, agora eu aprendi que viver é uma aventura diária, na qual não sei o que vai acontecer, quem surge no meu caminho, mas preciso redescobrir a segurança de ser acompanhada, pelo Mestre da Vida, nas circunstâncias que me vão envolver. Que poderás tu dizer, após estes dois dias de exercícios espirituais que constituíram uma paragem na tua vida?
E.-A paz recebida faz-me mais leve por dentro e a alegria é um fruto saboroso que levo. Aprendi que preciso de muito alimento para cuidar as minhas feridas devidas à falta de reconciliação com o meu passado.
 -Essa alegria mais profunda, quer abraçar todo o teu ser, mais vezes (e de cada pessoa que dê a si mesma estas oportunidades).

sábado, 30 de outubro de 2010

E tudo pode mudar

(parte 2 de 7)




Concedendo-me um tempo para estudar a situação e pedir ajuda espiritual, entreguei o caso  nas mãos de Alguém, até ter claridade interior para prosseguir.
No entanto, diante do meu Conselheiro, fiz o seguinte comentário:
“Agora que me colocaste face a esta vida, de novo mas mais perto, e com sinais mais visíveis de cansaço, de vida ressequida, agora, diz-me por onde vou?”
«Digo-vos pois: procurai e achareis, batei e abrir-se-vos-á (…) porque quem procura encontra e ao que bate abrir-se-á» Lc.11,9-10
O desafio estava declarado: não desistir, mas ser perseverante.
Numa tarde de Primavera, passeando pelo jardim, meditava e pedia luz.
Eis que o meu pensamento foi até um texto que tinha lido há uns quatorze anos “O Rei- bebé”, dei-me conta de que poderia encontrar o que tanto procurava. Dirigi-me ao baú, de textos mais antigos, e comecei a reler. Entrou em mim uma mistura de sentimentos feitos de negação e de esperança.
“Ui, que vem a ser isto?! Está aqui a raiz do problema. E senti que estava a ser conduzida por Alguém até mergulhar neste tema. Mas veio uma insegurança, pois se fosse verdade, como dizer à Elisha que teria uma doença emocional para o resto da vida? Que medo!
Foi então que deixei ficar aquele conjunto de folhas numa estante de livros. E, no silêncio do meu coração, buscava saber como dar continuidade a esta descoberta pois, apesar do medo, Alguém me insinuava que era por ali o caminho (deveria partilhar aquilo que tinha lido e que se relacionava com a Elisha) . E de novo um pouco apreensiva indaguei:
“Mas como será isto (de que forma poderei ajudar…), se eu não conheço estes caminhos de psicologia, de pedagogia em questões tão delicadas de vida, de vida nova que possa ser descoberta?!”
«Como será isto, (…) O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti  a Sua sombra .»Lc.1, 34-35
A vida desta jovem não me pertencia, mas esta Palavra dava-me ânimo. Decidi então pegar nalgumas partes do tema, nas páginas que reencontrei e fiz um texto, entrelaçando algumas situações concretas da vida da jovem. Decidi esperar o momento oportuno para lho ler…
Um mês depois de eu ter dito "Sim, ajudo!", no final de um jantar, Elisha questionou-me:
- Porque me custa tanto partilhar um livro, um caderno de estudo, uma sebenta com um colega ou outra pessoa qualquer?
Aproveitei a deixa e lancei a seguinte proposta:
-Olha, trago aqui na carteira, um texto que fiz para ti, gostava de to ler. Que dizes? Pode-te ajudar a descobrir alguns aspectos para te conheceres melhor.
-Sim , podes ler.
-Mas se ao escutares vires que nada tem a ver contigo, ou te pareça um disparate, mandas-me parar, combinado?
-Combinado.
Sentámo-nos frente a frente, mas estava a custar-me dar este passo. Fiz uns segundos de silêncio e entregando, ao Mestre da Sensibilidade esta realidade que me superava, decidi avançar com confiança.
À medida que eu, ia lendo devagar, de vez em quando por breves segundos olhava o seu rosto, e eis que a dado momento deslizava uma lágrima... Senti-me estremecer e perguntei:
- Queres que continue?
- Sim, quero.
Ao acabar de ler, Elisha limpou a lágrima e levantando-se, exclamou:
- Chegou hoje a salvação! Está aí… A raiz do meu problema! E aproximando-se, deu-me um abraço e disse: Alegra-te pois no final de tantos anos, chegou luz a uma realidade que tem um nome. E agora, diz-me: a minha vida pode mudar? Posso curar-me?
- O teu problema emocional tem que ser cuidado a vários níveis (saúde física e emocional) e dimensões (humana, espiritual ), mas vamos com calma. Agora descansa deste impacto. Como te estás a sentir?
- Essa imagem como se fosse um parto, em que estavas aí, para que lá num lugar mais escondido, uma fibra profunda chegasse a vir à luz. Estou a sentir-me diferente… há algo novo que liberta uma sensação estranha no meu corpo, mas quero acreditar que não foi por acaso, que chegámos até aqui. A minha vida vai mudar, acreditas?
- Acredito sim. Alguém nos está a guiar, vamos confiar. E deve haver mais para desvendar!
No final deste momento, invadiu-me uma paz inquieta, pois sentia que a partir daqui mais caminhos se abririam.
Deixar-me guiar pela PALAVRA da Vida, faz a Diferença! E canto uma melodia:
“E o amor chegará à tua vida um dia, e tudo vai mudar em ti…!”

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

E o Amor chegará à tua vida um dia…

 (parte 1 de 7)
Cansada da vida e dos tombos que, por sua conta dava, bateu de novo à minha porta a pedir ajuda dizendo:
-“ Estou cansada de não ser feliz! Quero ser feliz, ajuda-me!”
No seu coração transportava o desespero de 10 anos na busca de solução para as suas depressões
E eu, como já noutras ocasiões tinha dado algum apoio e encaminhado, juntamente com algumas oportunidades de um grupo de jovens, disse-lhe:
-Não sei se queres mesmo ajuda de verdade. Não estou a dizer que estejas a mentir, mas talvez ainda só queiras mais uma ajudita, e quando quiseres mesmo, então vai valer a pena.
Eu tinha o coração nas mãos, cheia de vontade de a abraçar no seu sofrimento, e de lhe dizer: conta comigo! Porém, com assertividade, disse:
-Vamos deixar a decisão para amanhã. Vais descansar esta noite e amanhã talvez já te tenhas esquecido da ajuda que hoje pedes. Eu vou consultar o meu Conselheiro.  Depois falamos.
«(…)de olhos postos em ti, serei o Teu Conselheiro.» Sl.32
No outro dia falámos e a sua vontade de ser ajudada permanecia, e dizia: “Quero ter paz, não aguento mais...” Dos seus olhos caíam lágrimas profundas, em silêncio … e neste silêncio eu quis dizer: «Se conhecesses o dom de Deus…»Jo.4,10  «Só a verdade vos fará livres.»Jo.8,32, mas  no silêncio do meu interior, tentei descodificar que caminho seguir:
-E agora Senhor diz-me que queres que eu faça? Há necessidade de terapias, há questões de saúde, há carência de alimento espiritual, mas como posso eu ajudar?
O meu Conselheiro fez-me intuir: “Alimenta-te porque tens uma jornada, Eu irei contigo.”
- “Porque Tu o dizes, e porque já tenho vivências que em Ti me fazem confiar, arriscarei de novo” – decidi. E pus-me a analisar a vida desta jovem.
Quantas vidas feitas de emaranhados de linhas curvas e de derrapagens conheces tu, conheço eu? Quantas vidas feitas de avanços e recuos, de tropeções, de arranhões, na busca da Felicidade interior? Quantas vidas vazias, tendo feito tantas coisas? E quantas vidas necessitam  de uma mão amiga e que as ensinemos a encontrar a Fonte?
Há vidas concretas a esperar que, na hora oportuna Deus, por alguém humano, se faça presente!
Quanta paralisia sofrem irmãos nossos, na mente, no coração e no entendimento, que os impedem de pedir ajuda? E quantas barreiras colocam para se deixarem ajudar?
Eu vejo vidas a necessitarem que se lhes mostre com paciência, ternura e firmeza que, por vezes como diz o profeta:
«Em vão e nada gastei as minhas forças…»Is.49 , talvez depois passem a desejar  efectivamente ser ajudadas.
Olho a minha vida e vejo que Alguém a tem vindo a reconstruir com paciência e amor, com perdão e esperança. Assim, desde aqui, quero oferecer os dons que me deu para os colocar ao serviço dos que me confia.
Que bom é descobrir ! Estar disponível para acolher, apoiar e encaminhar aquele/a que busca um caminho para mais vida! Que alegria é ver despertar no outro a esperança de que o Amor chegará.

17 de Outubro de 2010

Apresentação da jovem - Elisha

(de quem se vai falar nas primeiras 7 histórias)

Aos 8anos os seus pais separaram-se. Dois anos depois os seus dois irmãos foram com seu pai. A menina ficou com a mãe.
Estudou, teve colegas, brincou, mas sentiu muitas vezes a solidão quando chegava a casa. Refugiava-se muitas vezes no seu quarto, num mundo que criava. Sonhava como muitas adolescentes, estudar, tirar um curso, casar cedo e ter uma família.
Aos 15 anos, teve uma depressão. Iniciou medicação.
Aos 16 anos, conheceu um grupo de jovens na paróquia, mas frequentava-o com irregularidade. Participou num ou noutro encontro de jovens, (nalguns momentos de dinâmicas, de convívios, de partilha e amizade).
Com algumas contrariedades na vida e dificuldades nas relações humanas, foi procurando viver mas com referências distorcidas sobre o amor, os sentimentos, a família e a vida.
Era uma pessoa simpática, mas com dificuldade em manter amizades e fazer escolhas.
Aos 17 anos, de novo uma crise e mais anti-depressivos…e assim foi vivendo, até aos 25anos. Aos 24 anos tinha o seu curso feito, mas tinha ainda a sua casa interior com divisões por arrumar, arejar, limpar, organizar…

Histórias de vida ... Sementes de esperança

«O que os meus olhos viram, as minhas mãos tocaram…isso vos anuncio.» 1Jo.1

Ao longo de 17 anos de caminho "guardei"na minha memória afectiva e no meu tecido relacional, um vasto registo de historias .
Historias reais repletas de buscas, de encontros e reencontros, de sofrimento e de humildade, de coragem e esperança!
Recordo alguns rostos, a quem foi dada a oportunidade para, desvendar mistérios insondáveis da beleza do Amor e da Vida!
Tu tens direito a (re)descobrir, a desfrutar da VIDA!